terça-feira, 23 de novembro de 2010

A Balada do Soldado Indesejado

Eu não sei que trevas são essas que correm meus dias
Talvez tenha sido você, que roubou de volta a luz da minha vida
A mesma luz que iluminou nossos dias de glória em verdes campos
A luz que nos tirava do abismo sem fim da amargura

Mas agora tudo está bem
Os campos de batalha terminaram
Há um grande campo verde para se semear
As árvores antigas devem ser cortadas para novos frutos serem semeados
Pois todos nós temos de lutar nossas batalhas

Seria um segredo de estado,
Para não causar pânico da nação?
Ou apenas uma guerra territorial?

Qualquer verdade é melhor que essa maldita ilusão
Eu sou apenas um soldado que devia ter morrido nos campos de batalha?
Um sobrevivente indesejável de volta a pátria que havia o esquecido?
Um mísero soldado aposentado que apenas sobreviveu para cobrar sua pensão?

Eu não desejo seu dinheiro
Não desejo sua piedade
Eu quero a verdade
Eu aceito a realidade

Se a pátria não me deseja
Exile-me, me prenda
Acabe com esse silencio
Que desintegra um ser indesejado
Que retorna inutilmente
Apenas esse fardo inútil
Que nunca pediu para ser carregado

                                                               (Moolight Rider)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Carta para o Último Pôr-do-Sol

Em um sonho distante eu vejo você do meu lado pela última vez
Não vejo meu travesseiro, os lençóis, não vejo nada
Apenas sinto a escuridão, o cheiro de flores mortas em algum lugar
Sinto uma falta de ar, talvez a asma atacando novamente

Sinto cheiro de limo e pedras
Alguns passos distantes
Minha repentina cegueira privou-me da luz do luar
E do crepúsculo do dia que há por vir

Há um ligeiro cheiro de morte no ar
Um sentimento pessimista
As esperanças morreram junto com meus olhos que jazem abertos por toda a eternidade
E a um toque sinto que minhas mãos ainda não morreram

Sinto cheio do ébano cobrindo minha carcaça mortal
O ar que alimenta o âmago do meu ser é trocado pelo cheiro da terra
E então sinto a minha ultima gota de orvalho,
Minha lenta destruição pela mais macabra força da natureza

E então sucumbi,
Odiando a tudo e a todos
A tumba a que me fora destinada

Odiando aos inefáveis ventos da mudança que traçaram meu destino
O destino que para todos está reservado, cedo ou tarde
Outrora eu odeio o destino que eu fora obrigado a cumprir

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O Palhaço Preto e Branco

Eu sou mais um palhaço desmascarado
Acorrentado a um incessante cenário preto e branco
E aquele radiante rosto sorridente que possuía
Era apenas pintado de uma tinta barata
Que se desbota mais a cada banho de agua fria

Eu sou mais um palhaço desbotado
Cujo colorido não passava de uma maquiagem
As canções por mim cantadas
Já foram cantadas por outros como eu
que foram privados de suas mascaras a cada banho

As risadas que provoquei
Agora não passam de meras memórias
Que agora jazem inertes
No  fundo de um lago congelado

                                                               (Moonlight Rider)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Soneto de Ares à Terra

Eu me tornei sua religião
Vocês matam e satisfazem meus desejos
Vocês são apenas ferramentas de destruição
No fim eu sou a justiça que prevalece


Minhas mãos esmagam a Terra
A flor no horizonte está queimando seus corpos
Vocês me culpam, o Deus da guerra
Vocês cultivam a semente que lhes plantei


Eu construí meu castelo com seus ossos
Eu nasci das cinzas da destruição
No fim seu mundo perecerá em fogo


Meu trono é feito com crânios cultivados
O seu mundo perecerá em fogo
E de suas cinzas eu surgirei novamente

                                                            (Moonlight Rider)